9 de maio de 2010

A Propagação

Há tanta coisa que a ciência não explica...

Com este argumento na ponta da língua, muita gente conclui imediatamente que a única solução é a religião.


Certa vez, numa conversa com um amigo teísta, eu disse que explicações religiosas me pareciam fantasias e que eu mesmo seria capaz de inventar outra explicação fantasiosa totalmente diferente da religiosa. Ele me disse que eu ia sempre acabar voltando a uma idéia equivalente ao conceito de deus. 


Aceitei o desafio e o resultado está descrito a seguir.


Engana-se quem pensa que foi uma tarefa fácil. A religião é bastante consistente desde que se aceitem suas premissas baseadas em algum tipo de fé. Minha explicação também tinha que ser consistente, mas não podia conter deuses, espíritos, demônios e coisas do gênero.


Foi assim que criei a teoria da Propagação Inconsciente do Conhecimento.


Para facilitar, vou chamá-la simplesmente de Propagação daqui para frente.


As explicações da Propagação não têm fundamento científico, mas também contradizem a religião. Essa teoria, embora também negue a existência de deus e desmistifique o universo, o faz de maneira tão dogmática que poderia ser base de uma nova religião com uma lógica interna consistente, porém também irrefutável e improvável como as crenças místicas.


Vamos lá.


A primeira premissa é que o pensamento resulta unicamente de processos eletro-bioquímicos que ocorrem no cérebro e que nossa personalidade é constituída unicamente por esses pensamentos. A verdade é que não temos nossos pensamentos, mas que somos nossos pensamentos! Não há almas imortais, nem espíritos, nem nada desse gênero no universo da Propagação. 


Esta é a Premissa do Pensamento Biológico.


É evidente, contudo, que o pensamento não fica confinado ao cérebro, pois se transmite de várias formas conscientes, voluntárias e sensoriais. Quando alguém expressa suas vontades e idéias, como neste texto, está comunicando seus pensamentos a outras pessoas. Existem, entretanto, formas inconscientes de comunicação, como a linguagem corporal, por exemplo, em que, às vezes, o transmissor nem se dá conta de que uma comunicação está ocorrendo. 


Pode-se perceber que uma pessoa está impaciente ou insegura sem que essa pessoa saiba que está demonstrando isso. Pode-se sentir simpatia (ou antipatia) por alguém à primeira vista, sem que se tenha um motivo razoável para isto. Hoje se sabe que feromônios podem influenciar nossas sensações e explicam coisas que antes eram atribuídas à intuição. A linguagem corporal é uma comunicação não-sensorial. Os feromônios compõem uma comunicação literalmente extra-sensorial, se considerarmos apenas os cinco sentidos clássicos.


Muito bem, até aqui nada de extraordinário.


Agora, porém, respire fundo porque você vai conhecer a premissa mais importante da Propagação.


O pensamento também se transmite de forma telepática sem que o transmissor tenha qualquer controle consciente sobre a transmissão. O receptor também não tem controle sobre a recepção e, o mais incrível, pode receber pensamentos e simplesmente guardá-los, sem tomar consciência deles. Esta é Premissa da Comunicação Telepática Inconsciente e ela tem muitas implicações interessantes.


Imagine que eu esteja caminhando numa rua, passando por várias pessoas. Eu estou pensando numa música e, sem saber, posso estar transmitindo meus pensamentos para essas pessoas, telepaticamente. Algumas daquelas pessoas poderiam receber esse pensamento e imediatamente começar a cantarolar a mesma música.


Menos evidente e mais importante é outra implicação: uma pessoa que recebeu meu pensamento, talvez não o traga ao nível consciente imediatamente. Talvez essa pessoa só cantarolasse aquela música algumas horas depois, ou alguns dias, ou alguns anos depois. A informação foi recebida e fica guardada em algum lugar do cérebro. Algum dia, alguma coisa fará a pessoa “lembrar” dela. Bizarro? Prepare-se, pois isso é só o começo.


Ainda menos evidente, porém mais importante e mais bizarro é que o meu pensamento (aquela melodia) estará disponível na memória daquela pessoa para ser retransmitido. Dessa forma, a pessoa que recebeu meu pensamento talvez nunca venha a ter consciência dele, mas poderá retransmiti-lo a qualquer momento. Essa sequência de comunicações inconscientes permite que um pensamento original seja transmitido e retransmitido indefinidamente para uma quantidade crescente de pessoas. Depois de algum tempo, meu pensamento pode estar presente em todas as mentes do planeta. A esta cadeia de comunicações telepáticas inconscientes é que dei o nome de Propagação Inconsciente do Conhecimento.


Eu não inventei este tipo de propagação. É exatamente dessa forma que o vírus de computador se propaga. E esses programas de computador receberam o nome de vírus devido à semelhança de sua forma de propagação com a dos vírus biológicos. O pensamento telepático, assim como o vírus, se propaga por meio de portadores que não sabem que estão desempenhando esse papel.


Vamos continuar analisando o fenômeno: a Propagação pode continuar – e efetivamente continua – indefinidamente ao longo do tempo. Além de se propagar geograficamente, um pensamento gerado hoje poderá estar ainda se propagando daqui a séculos. Por outro lado, podemos ainda estar retransmitindo pensamentos gerados por trogloditas enquanto perseguiam mamutes.


Uma característica importante dessa transmissão de pensamentos é que ela não acontece por meios convencionais como ondas eletromagnéticas, luminosas ou sonoras. Seu comportamento não é explicado nem obedece a qualquer lei conhecida da física. De fato, ninguém sabe como a telepatia acontece. Não há como estudar diretamente essa comunicação, pois nenhum equipamento a detecta. Tudo que se sabe sobre ela é indireto, fruto da observação prática de seus efeitos.


Algumas perguntas podem e devem ser feitas sobre essas transmissões.
A distância física entre transmissor e receptor tem alguma influência? Talvez a telepatia só alcance alguns metros, talvez alcance outras galáxias. Não se sabe.


A afinidade psíquica entre transmissor e receptor tem alguma influência? Não se sabe ao certo, mas talvez haja mais comunicação entre pessoas com idéias semelhantes, mesma formação, mesmas vontades.


Há alguma relação com a proximidade genética entre as pessoas? Este fator pode indicar mais compatibilidade entre os ‘equipamentos’ de transmissão e recepção, ou seja, os cérebros. Isto pode facilitar a comunicação entre irmãos gêmeos e parentes próximos.


Pode haver fatores externos que facilitem ou dificultem a comunicação? Manchas solares, as fases da lua, o signo ascendente, a proximidade de pessoas com sentimentos negativos, falta de vitamina B12, etc. Como não se pode levar a cabo um experimento, qualquer dessas alternativas é igualmente provável...


Mas não é só isso! Por apenas um centavo a mais de imaginação, a Propagação fica infinitamente mais complexa e interessante!


Vejam bem: como a natureza da transmissão do pensamento é totalmente desconhecida, pode-se especular sobre sua propagação no tempo. Apresento então a terceira premissa: eventualmente o pensamento se propaga para o passado! Isso significa que é possível recebermos hoje pensamentos que só serão gerados daqui a vários anos. Um pensamento gerado hoje pode ser recebido no século passado. Esta é a Premissa da Propagação para o Passado. Pura especulação, mas vai servir aos propósitos de abrangência desta teoria, como veremos mais adiante.


Há muitas outras questões interessantes.


Somente seres humanos geram e recebem pensamentos? Há comunicação entre espécies diferentes, cães e pessoas, por exemplo?


Somente memórias de fatos reais são transmitidas ou situações imaginárias são igualmente comunicáveis? Neste caso, será que o receptor pode discernir entre memórias de fatos reais e puras fantasias?


A coisa está ficando complexa, não? Vai ficar mais ainda!


O que pode ser transmitido? Apenas impressões sensoriais como melodias, perfumes,  imagens e sabores(!) ou também emoções e vontades? E conceitos como liberdade individual e modelos atômicos? E habilidades, como nadar ou tocar piano? Não seria igualmente transmissível a personalidade completa de alguém (suas memórias, suas emoções, sua identidade, tudo)? Alguém que recebesse uma comunicação telepática desse tipo poderia não apenas cantar a música que o transmissor estava pensando, mas lembrar de tudo que a pessoa lembrava, agir como ela agia e até pensar que efetivamente é aquela pessoa... Isso tem implicações fantásticas!


Uma mensagem telepática pode ser distorcida de alguma maneira? Lembranças parciais ou compreensão precária do que se transmite podem levar a deturpações sucessivas, semelhantes a uma brincadeira de telefone-sem-fio. 
As imagens vistas e transmitidas por um daltônico, por exemplo, talvez sejam transmitidas com deturpações desde sua fonte. O que é retransmitido por um leigo que recebe um pensamento vindo de um especialista em química?


Há alguma seletividade do conteúdo das transmissões? Alguém com fome tende a transmitir pensamentos sobre comida? Se alguém focaliza seus pensamentos em outra pessoa pode lhe dirigir suas transmissões telepáticas?
Já temos perguntas suficientes. Dependendo das respostas, muitos mistérios podem ser explicados:


·      A telepatia propriamente dita é um mistério que está não só admitido, mas é a premissa básica de toda essa teoria.


·      Algumas pessoas podem ter capacidades anormalmente grandes de captar pensamentos. Uma cartomante, por exemplo, poder captar pensamentos transmitidos inconscientemente por seus clientes. A cartomante acredita que suas visões e adivinhações são proporcionadas por um guia espiritual qualquer. Na verdade, enquanto ela olha as cartas ou a palma da mão de um cliente, está recebendo seus pensamentos telepáticos e isso permite a ela falar sobre medos e sonhos dele. Claro, ela também pode receber pensamentos vindos do futuro do próprio cliente. Pronto! Todo o mistério da cartomancia está explicado! A explicação dada pela Propagação é tão boa quanto à sobrenatural e não apela a nenhuma entidade sobrenatural.


·      O déjà-vu acontece quando se vê alguma coisa pela primeira vez e se tem a forte impressão de já tê-la visto antes. Para o espiritismo, a pessoa teria conhecido essa coisa numa encarnação passada. A Propagação tem outra explicação: a pessoa recebeu a lembrança de alguém que realmente presenciou a tal coisa em algum momento do passado. De lá até hoje, pode ter havido muitos intermediários no caminho dessa lembrança. A lembrança que estava na memória da primeira pessoa viajou por muitos portadores e ao longo de muito tempo até ser identificada. É importante notar que, segundo essa explicação, não é necessário recorrer a almas, nem reencarnação para explicar o fenômeno. Basta a Propagação e sempre entre pessoas vivas.


·      Através da hipnose, muitos afirmam conseguir ativar um processo de regressão, pelo qual o paciente volta às lembranças de sua juventude, ou até mesmo... de suas encarnações anteriores. A Propagação explica de forma diferente: a hipnose faz aflorar informações latentes no cérebro do hipnotizado. Lá estão memórias e até personalidades completas que se originaram muitos séculos antes e que se transmitiram telepaticamente até os dias atuais. A regressão é, na verdade, o acesso a memórias que não são da pessoa hipnotizada, mas memórias alheias e que chegaram ali pela Propagação. Novamente, não há deuses, nem almas na explicação dada pela Propagação.


·      A mediunidade é outro equívoco de interpretação da realidade. O médium espírita não encarna almas desencarnadas, mas apenas dá voz a cópias de personalidades que se propagam para sua mente. O médium é alguém com uma capacidade anormalmente grande de captar comunicações telepáticas contendo personalidades. Médiuns “incorporando” artistas podem pintar e escrever como eles porque as habilidades também se propagam. O termo “incorporar” nem está incorreto, pois o médium realmente vive outra personalidade... Entretanto, na explicação da Propagação, não existem almas nem comunicação com os mortos, mas apenas informações telepáticas transmitidas sempre entre pessoas vivas.


·      Uma variante da mediunidade é a loucura. Se alguém é capaz de captar pensamentos contendo personalidades, eventualmente se transforma num médium, mas, dependendo da pessoa também pode simplesmente reconhecer essa personalidade como uma inspiração para um novo personagem, ou talvez como um acesso de loucura, como dupla personalidade, como possessão demoníaca ou como uma comunicação de extraterrestres. Tudo não passaria de telepatia, de Propagação. As variações de pessoa para pessoa determinam se o processo cria um grande médium ou um “napoleão” de hospício.


·      As chamadas viagens astrais são outro caso em que a Propagação traz novas luzes à realidade. Entende-se por viagem astral o desprendimento da consciência em relação ao físico, ou seja, uma pessoa pode estar sentada em seu quarto enquanto sua consciência viaja livremente para outros locais. Há muita gente que afirma poder fazer tal coisa e há multidões intermináveis que compram seus livros na esperança de repetir suas façanhas. Para a Propagação, podem ser “viagens” através de memórias adquiridas involuntariamente ou, já que se admite a telepatia, podem ser a “viagem” até a mente de outras pessoas e a captação de suas sensações no momento em que estão acontecendo. Apesar de toda a improbabilidade dessas explicações, todas seriam condizentes com a Premissa do Pensamento Biológico. As explicações da Propagação jamais requerem que se acredite em individualidades desencarnadas.


·      A visão do futuro ou premonição é outro fenômeno misterioso que se explica facilmente com a Propagação. Alguém no futuro presencia um acontecimento e aquele pensamento se propaga para trás no tempo devido a alguma condição inexplicada. Imagine alguém na idade média recebendo lembranças de alguém da nossa época, com aviões, computadores, bombas atômicas. Esse cidadão medieval certamente tenta encaixar essas visões dentro do que ele conhece e admite. Quando ele comentar o que viu, certamente vai acrescentar anjos e milagres na narrativa. Novamente, a Propagação explica tudo sem recorrer a qualquer elemento sobrenatural.


·      E o poder das orações? A prece talvez seja uma forma de canalizar a transmissão telepática. O pensamento transmitido pode influir nas decisões de quem os recebe. Essas decisões podem afetar favoravelmente a vida do transmissor, ou seja, quem rezou. Portanto, rezar eventualmente pode funcionar, mas a explicação não inclui nenhum deus ouvindo preces e fazendo intervenções no universo segundo pedidos de suas criaturas. É só Propagação. É só o relacionamento telepático entre pessoas comuns e vivas.


·      Curas místicas têm relação íntima com o poder das orações. Admitindo-se que essas curas realmente existam, a Propagação as explica estendendo um pouco mais seu próprio alcance. Basta agregar ao conjunto mais uma premissa, agora supondo que o pensamento pode atuar no mundo físico. Esta é a Premissa da Atuação Física da Telepatia. Além de explicar as curas místicas, isto também explicaria outros mistérios como a telecinésia (movimentar objetos com a força do pensamento), aparições de fantasmas e de discos-voadores. A Propagação explica todas essas coisas sem recorrer a entidades sobrenaturais, nem outras dimensões, nem vida além da morte, nem deuses. Ah, desculpe pela repetição, mas isso é importante...


·      Mais uma reinterpretação: deus. O que as pessoas chamam de deus é apenas uma versão telepática do Inconsciente Coletivo de Jung. Por ser telepático, esse coletivo tem realmente algumas qualidades de deus, como a onipresença e a onisciência. Sendo apenas o somatório de consciências humanas (e, quem sabe, não-humanas também), não seria de estranhar que esse deus tivesse mesmo características humanas como ser vingativo, raivoso, e se achar o tal, o máximo. Entretanto, esse deus somatório não tem personalidade própria, não tem propósitos, não oferece ajudas nem ameaças.


·      A Propagação também oferece explicação para a criação do universo. Basta extrapolar a teoria, como sempre. Se estamos evoluindo ao longo de milhões de anos, o inconsciente coletivo telepático também está evoluindo. Num futuro distante, talvez daqui a bilhões de anos, o cérebro humano terá atingido tal ponto de evolução que a telepatia deixará de ser inconsciente e se tornará o meio usual de comunicação entre as pessoas. Nesta altura, o universo estará morrendo, as estrelas se apagando, mas o inconsciente coletivo estará tão desenvolvido que é impossível imaginar todas as suas potencialidades. A junção telepática de todas as mentes do universo será uma entidade tão poderosa que lhe será possível recriar o Big Bang. Entretanto, o processo exterminaria a vida, as mentes e consequentemente o próprio inconsciente coletivo telepático resultante delas. Deus morrerá ao criar um novo universo. Seu sacrifício, entretanto, fará história recomeçar. Bonito não?


A bizarria já está se tornando alucinada, mas se a religião pode, porque a Propagação não pode?


Serão necessários outros bilhões de anos para a formação de planetas, a criação da vida, o surgimento da inteligência, da telepatia e de um novo deus ou inconsciente coletivo telepático. Esta teoria compatibilizaria as tradições ocidentais e orientais a respeito da cosmogênese. O universo realmente tem um começo e um final, como é comum se acreditar no ocidente. Entretanto, os infinitos reinícios estão de acordo com as tradições orientais sobre a história cíclica do universo. O inconsciente coletivo é a soma das inteligências do universo. Esse deus seria o deus panteísta, um deus-consequência. No que diz respeito à próxima recriação do universo, entretanto, esse inconsciente coletivo é o criador, o deus-causa, a causa primária. Enfim, é uma explicação para agradar crentes e ateus, orientais e ocidentais, gregos e troianos. Eu me senti um gênio quando percebi essas possibilidades!


Muita fantasia? Bom, a Propagação modela um mundo essencialmente probabilístico, com acontecimentos se sucedendo de forma aleatória, casual. Não admite um deus regendo destinos. Albert Einstein, aparentemente acreditava em um deus que determinasse o movimento de cada partícula do universo, pois certa vez declarou que “deus não joga dados”. Ele dedicou muito de sua vida para descobrir regras determinísticas na física. Einstein não convivia bem com a mecânica quântica, pois esta é essencialmente probabilística. Stephen Hawking, o físico mais famoso de nossos dias, inspirado na física quântica, contradisse Einstein, dizendo que “deus não apenas joga dados, mas o faz até mesmo onde menos se espera”. A esse respeito, Mário Schenberg, físico brasileiro em seu livro “Pensando a Física” (Editora Landy), diz que “Einstein parecia se opor ao probabilismo essencial da teoria quântica porque estava convicto de que ela conduziria a fenômenos do tipo telepático”. Será que a Propagação Inconsciente do Conhecimento é só uma fantasia?


Uma última consideração: a Propagação pode ser usada para fundamentar uma religião? Ocorre que embora a ela ofereça boas explicações, também tem características que a desqualificam como base para uma religião: primeiro, a Propagação não é povoada por seres sobrenaturais e não dá a oportunidade de se criarem sacerdotes para intermediar a comunicação entre deuses e mortais. Outro problema da Propagação é que ela não oferece o consolo de uma vida pós-morte nem um sentido para a vida. Um terceiro problema é que a Propagação não impõe padrões de comportamento. Portanto, uma possível Igreja da Propagação não teria deuses, nem sacerdotes, nem consolo para o sofrimento e a morte, nem mandamentos divinos para seus fieis...


Afinal, como eu queria demonstrar, produzi uma explicação diferente para os mistérios que a ciência não explica. Mostrei que a explicação religiosa não é a única possível. Se não é preciso prová-las, podem-se criar outras explicações à vontade, tão boas quanto a religião, tão absurdas quanto ela. Abraçar a religião para explicar coisas que a ciência não explica é tão ruim quanto adotar as explicações da Propagação. Não há motivo para adotar nem uma nem outra. Por outro lado, se você quer uma religião para ter uma orientação sobre o bem e o mal, então é melhor ir direto à fonte e estudar filosofia. Filosofias humanistas podem lhe oferecer um norte ético sem lhe impor desnecessárias crenças no sobrenatural.


Propague a Propagação! :-)


Geraldo Boz Junior
gbozjr@gmail.com

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