9 de junho de 2006

Lógica Masculina x Lógica Feminina


Eram quase onze da noite e eles chegaram em casa, praticamente juntos. Ele, de moto. Ela de carro.

Chovia abundantemente e, enquanto ele tirava o macacão, ela colocava algumas sacolas sobre a mesa da cozinha.

“Conseguiu encontrar a roupa para a festa, pelo que vejo.”

“Ah, sim, finalmente! E a sua aula de Lógica, como foi?”

“Muito interessante...”

“Não me diga que você foi para a aula de sapato preto e meia branca?!”

“Ora, fui, e daí?”

“E daí?! Que tipo de lógica você aprende nessa aula, que não enxerga que essa combinação é absolutamente impensável?”

“Ah, falando em meia, aprendi uma charada muito boa!”

“Você está desconversando...”

“Olha, presta atenção!”

“Ai... lá vamos nós, outra vez...”

"Se eu tivesse apenas seis pares de meias pretas e seis pares de meias azuis, num guarda-roupa totalmente escuro, quantas meias eu deveria pegar, no mínimo, para ter certeza de sair com um par de meias da mesma cor?”

“Como é que é? Repete!”

“Se eu tivesse apenas seis pares de meias pretas e seis pares de meias azuis..”

“Você seria um homem tão metódico que provavelmente seria um maníaco.”

“...e se o guarda-roupa fosse totalmente escuro...”

“Mas que raio de homem é esse, que tem essa estranha coleção de meias num lugar ainda mais estranho?”

“...quantas meias eu deveria pegar, no mínimo, para ter certeza de sair com um par da mesma cor?”

“Três!”, disse ela sem pestanejar.

Ele olhou para ela, abismado.

“Você chutou!”

“Se só tem meias de duas cores, pegando três meias, tenho certeza que já terei um par da mesma cor, porque, se não peguei um par certo já na segunda, a terceira tem que ser par ou da primeira, ou da segunda!”

O queixo dele caiu.

“Certo, certo... simples, não?”, disse ele, desconcertado. “Agora você também podia me explicar porque a meia branca não combina com o sapato preto.”

“Isso não tem explicação. Basta olhar, para ver que é um absurdo. Venha ver se você gosta da roupa que comprei.”

Desembrulhou os pacotes.

“Você acha que este vestido fica melhor com este sapato ou... com este?”, perguntou ela, vestindo um sapato diferente em cada pé.

Ele olhou, olhou e não viu diferença significativa entre os dois sapatos. Bastava olhar, mas ele não conseguia ver a diferença... Apontou para o do pé direito, sem a menor convicção.

“Eu também gostei mais deste!”

Então, uma idéia lhe veio à mente e ele pensou ter resolvido a charada sobre a charada:

“Você já conhecia essa charada das meias!!”

Ela lhe devolveu apenas um sorriso enigmático, no melhor estilo “Monalisa”. Não confirmou nem negou.

No dia seguinte, cada um tomou seu rumo ao trabalho, depois de se vestirem, na penumbra do quarto.

Ele, com meias pretas.

Ela, com uma meia de cada cor...

2 comentários:

Marilda Confortin disse...

E viva a diferença! Quacumque tem tudo a vê com você. Gostei da diversidade do blog. Assim que você postar mais coisas, vou adicionar teu link no meu. Vou continuar visitando. Foi uma bela surpresa, Junior. É divertido escrever em blos, não é?
Quando tiver tempo, dê uma passadinha no meu outro blog de prosa e poesia: www.proesiando.blogspot.com

Anônimo disse...

ADOREI!!!
Me fez lembrar de uma certa matéria, com um certo professor e amigos sensacionais... ai...ai...sabe que saudade dói??